Erros dos Clichês Cristãos pós -
moderno
Vivemos
a era das frases curtas. De repente a nossa fé pulou no imaginário de uma
enorme parcela da Igreja brasileira da Bíblia e dos livros para adesivos de
automóvel, 140 caracteres do twitter, fotos com frasezinhas do Facebook,
slideshows no YouTube, blogs com três ou quatro parágrafos. Preguiçosos que
somos, passamos a ser governados por teologia fast food em vez de por leituras
com introdução, desenvolvimento e conclusão. Ao longo de algum tempo, fiz uma
coletânea de clichês gospel que ouço pelos arraiais evangélicos (das igrejas
organizadas aos desigrejados) para que possamos comentar cada um. Leia e veja
se você já não ouviu essas frases serem repetidas montes de vezes – sem que
aqueles que as falam tenham gasto cinco minutos refletindo sobre seu significado.
Vamos analisá-los biblicamente e historicamente:
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“Eu declaro/decreto a bênção” – Bênçãos são benefícios vindos unilateralmente
de Deus e por decisão soberana dEle. Ninguém pode declarar ou decretar uma
bênção, pois está fazendo aquilo que só o Senhor pode fazer. Quem o faz toma o
lugar de Deus e, portanto, pratica idolatria. Sem falar que essa afirmação,
fruto da chamada “Confissão Positiva”, tem raízes em religiões demoníacas de
Nova Era (saiba mais sobre isso no post Demonologia da Prosperidade).
-
“Eu tomo posse da bênção” – “tomar posse” significa literalmente se apossar de
algo que não é seu. Quem “toma posse” é um posseiro, ou seja, alguém que
invadiu um local que não lhe pertence e impõe pela força e presença o domínio
sobre o que é dos outros. Como vimos acima, bênção é um benefício outorgado por
Deus, por sua soberania. Quem quer “tomar posse” de uma bênção está dizendo, em
outras palavras, que vai arrancar do Senhor na marra aquilo que quer para si e
que só receberia se fosse concedido pelo Todo-Poderoso. Logo, essa frase,
(cunhada com base no Antigo Testamento, quando o povo de Israel entrou na Terra
Prometida e teve de “tomar posse” dela na base da briga, visto que era habitada
por outros povos) é uma afronta à vontade soberana de Deus, que concede bênçãos
a cada um conforme lhe apraz e não porque as tomamos dele à força.
-
“Tá amarrado” – parte do princípio de que podemos atar demônios com amarras
espirituais. Não existe tal expressão na Bíblia e o que as Escrituras nos
ensinam a fazer com os demônios é expulsá-los imediatamente quando se
manifestam, e não amarrá-los. Não vemos nenhum exemplo bíblico de Jesus ou os
apóstolos “amarrando” demônios. O padrão bíblico é: “Cala-te e sai”. Jesus não
perdia tempo dialogando com demônios, apenas os mandava ficar quietos e então
os expulsava. O único episódio de possessão em que Jesus vai além do “cala-te e
sai” é o do gadareno. E, mesmo assim, a ordem de Cristo não é amarrar ninguém,
mas sair na hora da pobre alma atormentada.
-
“Temos que voltar ao modelo da Igreja primitiva” – se fizermos isso, estamos
lascados. A Igreja primitiva, ao contrário do que existe no imaginário popular
cristão, estava a anos-luz da perfeição. Em Atos lemos casos como os de Ananias
e Safira, discordâncias com os judaizantes, brigas internas entre crentes como
Paulo e Pedro, duplas missionárias sendo divididas por discordâncias. A
esmagadora maioria das epístolas do NT foi escrita para consertar as montanhas
de erros que os primeiros cristãos cometiam. Na Ceia do Senhor muitos iam só
para matar a fome e os que levavam mais não dividiam com quem não tinha posses.
Se lemos as sete cartas às igrejas de Apocalipse vemos como a maioria estava
distante da vontade de Deus. Nos 313 anos em que houve perseguição do Império
Romano aos cristãos, surgiu o fenômeno dos “lapsi”, aqueles que, ao contrário
dos mártires, negavam Jesus perante as autoridades para salvar suas vidas – e
não foram poucos os que fizeram isso. Nas catacumbas, que eram essencialmente
cemitérios subterrâneos, os cristãos mais ricos tinham direito a sepulturas
mais luxuosas que os pobres e, muitas vezes, ganhavam câmaras inteiras
exclusvas para suas famílias. Havia muitos privilégios concedidos aos abastados
na Igreja primitiva.
Além
disso, a Igreja primitiva foi assolada por montes e montes de heresias que
surgiram em seu seio, como gnosticismo, sabelianismo, modalismo, monofisismo,
eutiquianismo, pelagianismo, marcionismo, ebionismo e outros “ismos” que
denunciam como ela era dividida, como havia desacordos, divergências de visão e
rachas. Tudo isso mostra que retomar o modelo da Igreja primitiva não é viver
um Evangelho puro e simples, como muitos pensam, é voltar a uma época cheia de
enormes poluições, divisões, pecados e problemas no seio do Corpo de Cristo.
Igualzinho aos nossos dias.
-
“Os primeiros cristãos se reuniam em lares e não em templos, por isso devemos
voltar a esse modelo” – os primeiros cristãos, aqueles cheios de imperfeições
que vimos acima, só se reuniam em lares por uma única razão: como por 313 anos
o cristianismo foi considerada uma religião criminosa pelo Império Romano,
qualquer um que se confessasse cristão tinha seus bens tomados, era preso,
torturado e morto. Por isso, o culto a Jesus tinha de ser feito de modo
escondido. O único lugar onde havia um mínimo de privacidade eram os lares dos
cristãos, que podiam simular uma visita social e ali realizavam suas liturgias.
Mas, com o Edito de Milão, no ano 313, decreto que liberou a religião cristã,
imediatamente os que se ocultavam, ávidos por comungar com mais irmãos,
começaram a erguer templos onde pudessem se ajuntar e reverenciar o Senhor
coletivamente. Em pouco tempo, graças à liberdade religiosa, o culto em lares
tinha sido extinto.
Para
fazer um paralelo com nossos dias, é só ver o caso da China, por exemplo, onde
não se pode cultuar Jesus publicamente e por isso lá existe a chamada “igreja
subterrânea”, ou seja, os irmãos são obrigados a se reunir em pequenos grupos,
nos porões de suas casas, para cultuar Jesus em oculto. Se você perguntar a um
membro desses grupos em lares se eles preferem esse tipo de modelo ou se
gostariam de ter templos onde se reunir em maior quantidade e celebrar a
liturgia da adoração com muito mais irmãos (como eu já fiz, em entrevistas com
membros da Igreja subterrânea chinesa para reportagens que escrevi), verá que
TODOS eles dão preferência ao ajuntamento em santuários, onde poderiam comungar
em maior número, num local dedicado e visível, que servisse de referência para
os não cristãos em sofrimentos saberem que ali podem encontrar ajuda. Uma
reunião num lar dificilmente será encontrada por quem está vivendo aflições que
só Deus pode aliviar, o que não ocorre se você tem um templo bem visível.
-
“Jesus não criou uma religião” – a palavra “religião” vem do latim “religare” e
significa “ligar duas partes separadas”. Portanto, em sua essência, religião
cristã é o contato entre Cristo e o homem, é o “religare” entre o Pai e o
filho. Religião, assim, é relacionamento, é intimidade. Logo, quando ora você
pratica religião. Quando lê a Bíblia você pratica religião. Etimologicamente,
qualquer pessoa que se liga a Deus é um religioso sim senhor, pois pratica o
“religare”. Portanto, ao ensinar a oração do Pai Nosso, Jesus nos estava
ensinando a ser religiosos, no sentido de sabermos nos comunicar bem com o Pai.
Quando ouvimos “pedis e nada recebeis pois pedis mal”, o que está sendo dito é
“você está praticando mal a sua religião”. É claro que, como muitas palavras da
língua portuguesa (como “manga”, que pode ser a fruta ou uma parte de uma
blusa), o termo “religião” pode ter o significado de “prática organizada de uma
fé”, basta ver no dicionário. É a “famigerada” instituição. Em geral é nessa
acepção que a frase em questão é dita. Nesse sentido, quando Jesus diz a Pedro
que sobre Ele (a Pedra) seria erguida Sua Igreja, o Mestre está estabecendo-se
como o alicerce, o fundamento da fé que se seguiria pelos milênios a seguir. Só
que Ele em nenhuma passagem da Bíblia especifica como o homem deveria manter o
Corpo sobre esse fundamento. Isso é uma decisão que Jesus deixou a cargo do
homem. Fato é que se Jesus nunca instituiu uma organização religiosa que o
tivesse como alicerce, também nunca proibiu. Repare que o que Jesus critica,
por exemplo, nos maus fariseus em momento algum é sua organização ou o fato de
cultuarem Deus de modo institucional, sua crítica a eles era uma questão do
indivíduo, do coração, e não da instituição: a hipocrisia, a falsa aparência de
piedade, a religiosidade aparente sem um “religare” autêntico, sempre questões
de foro pessoal e nunca institucional.
-
“Jesus nunca construiu templos, por isso devemos nos reunir em lares” – se
Jesus nunca construiu templos, também nunca construiu casas. Por esse
argumento, se não devemos adorá-lo em templos institucionais também não
poderíamos adorá-lo em lares. Dá na mesma. A resposta e a solução para essa
pendenga de se podemos ou não cultuar Jesus em templos está em duas passagens
bíblicas. Em João 4.19ss, lemos o diálogo entre o Mestre e a samaritana:
“Senhor, disse-lhe a mulher, vejo que tu és profeta. Nossos pais adoravam neste
monte; vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar.
Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte,
nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos
o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora e já chegou,
em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade;
porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e
importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”. Eis a
primeira resposta: seja no templo, num lar, no monte ou em Jerusalém, importa
adorar em espírito e em verdade. Se é o que a pessoa faz, não se pode condenar
o local só porque Jesus nunca construiu um edifício.
Temos
que lembrar que os discípulos adoraram muitas vezes o Senhor na cadeia. E Jesus
também nunca construiu uma cadeia. Outra passagem reveladora que contradiz essa
frase incoerente está nas palavras de Jesus relatadas em Mateus 18.20: “Porque,
onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles”. Se
houver dois ou três reunidos em nome de Jesus num templo de uma igreja
institucional Ele ali não estará? Se houver dois ou três reunidos em nome de Jesus
num templo do tipo que Jesus nunca ergueu Ele não se fará presente? A resposta
é óbvia. Então o fato de Jesus nunca ter construído um templo, uma igreja ou
uma catedral é absolutamente irrelevante, desde que haja ali dois ou três
reunidos em Seu nome e o adorando em espírito e em verdade. Quem perde tempo
combatendo isso e advogando furiosamente a reunião em lares só está perdendo
tempo.
-
“Não cai uma folha da árvore se Deus não deixar” – embora faça sentido
biblicamente, visto que Deus é soberano e controla tudo o que ocorre no
universo, sejam fatos bons ou tragédias, essa frase não está em nenhum lugar da
Bíblia.
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“Sou cristão, não evangélico” – essa frase é fruto da vergonha de ser designado
pela mesma nomenclatura de igrejas e pastores que têm enlameado o bom nome da
Igreja evangélica. Então, para evitar ser associados por amigos e parentes a
esses grupos, muitos têm optado por se dizer apenas “cristãos” e repudiam
enfaticamente o nome “evangélico”. Mais do que deixar de ser evangélicos, se
tornam antievangélicos. Isso é nonsense, pelo simples fato que não resolve
nada. Os que enlameiam nosso nome também se dizem “cristãos”. Pela mesma
lógica, deveríamos abandonar esse termo também? A resposta é óbvia.
Etimologicamente, “evangélico” é o que segue o Evangelho de Jesus.
Historicamente, “evangélico” é o que segue o Evangelho conforme resgatado pela
Reforma Protestante. Logo, se você é cristão, professa o Evangelho de Cristo e
coaduna com os cinco “solas” da Reforma… você é evangélico, queira ou não. É uma
nomenclatura de 500 anos que define quem tem essas características. Renegar
isso é dizer que você não é o que você é. Portanto, em vez de dizer “não sou o
que sou, sou só cristão” por vergonha de ser associado a igrejas e pastores dos
quais se envergonha, o ideal é deixar claro para os de fora que nós somos sim
evangélicos, enquanto os que praticam atrocidades em nome da fé é que não são.
Se
alguém faz piadinha pelo fato de você ser evangélico, em vez de mudar sua
nomenclatura aproveite a oportunidade e explique para o piadista a razão de
você portar esse honroso nome, fale que evangélico significa “aquele que segue
o Evangelho de Cristo conforme resgatado pelos reformadores”, explique por que
os falsos cristãos não são evangélicos e aproveite para explicar o que são as
boas-novas da salvação do genuíno Evangelho de Cristo. Assim, ser humilhado por
ser evangélico é uma excelente oportunidade não de mudar por vergonha o que te
define, mas sim de explicar aos não cristãos o que é o Evangelho da salvação.
De e-van-ge-li-zar. A escolha é sua.
-
“Deus é amor e por isso não controla as tragédias nem desastres naturais, como
os tsunamis” – essa heresia teológica vem sendo pregada por um pequeno grupo
que segue a linha do Teísmo Aberto americano, uma linha de pensamento que no
Brasil foi chamada por um pastor evangélico que não se diz evangélico de
Teologia Relacional. Ele e mais um punhado de pastores e acadêmicos celebrados
nas mídias sociais (além de um grupinho de pessoas que tentam pegar carona em
suas celebridades para se promover) começaram a propagar essas ideias pelas
redes sociais, dizendo que Deus abriu mão de sua soberania e não controla as
tragédias que ocorrem no mundo. Segundo essa heresia, Deus só está preocupado
em relacionamentos e o conceito de Jeová controlando as forças da natureza
seria fruto da incorporação de valores da filosofia e da religião grega no
Cristianismo. Esquecem que Deus abriu o Mar Vermelho e o Rio Jordão, que Jesus
acalmou a tempestade, que o Sol “parou” e retrocedeu, que houve um terremoto no
momento em que Jesus entregou o seu Espirito… para essa heresia tudo isso são
metáforas, o que associa esse pensamento à diabólica Teologia Liberal de
Bultmann e outros teólogos – segundo a qual a Bíblia não é literal e muitos de
seus relatos são apenas fábulas. Ao propagar essa afirmação, os adeptos da
Teologia Relacional destituem Deus daquilo que é indissociável de Sua essência:
Seu poder absoluto sobre todas as coisas e Sua soberania sobre tudo o que
ocorre no universo. É, portanto, uma afirmação antibíblica e anticristã.
-
“Padussinhô” – cumprimento que originalmente tinha um significado muito bonito
e bíblico: “A paz do Senhor”. O problema é que a expressão de popularizou de
tal forma que as pessoas nem pensam mais no significado do termo. Passam umas
pelas outras no corredor da igreja e soltam um “Padussinhô” sem nem se tocar do
profundo significado da expressão. Da próxima vez que você for saudar alguém
com essas palavras, concentre-se em seu belo significado: que você está
desejando a aquele irmão a paz que excede todo o entendimento vinda do Príncipe
da Paz, que saudava seus amigos desejando exatamente a mesma coisa. Lembra das
palavras do Mestre ao chegar, ressurreto, entre os discípulos, por exemplo, em
Lucas 24? “Falavam ainda estas coisas quando Jesus apareceu no meio deles e
lhes disse: Paz seja convosco!”. Não deixemos uma saudação tão significativa
perder seu sentido: ao a falarmos, que de fato estejamos desejando paz a aquela
pessoa. Só um porém: você já parou para pensar o que exatamente significa
“paz”? Significa “Quietação de ânimo, sossego, tranquilidade, ausência de
dissensões, boa harmonia, concórdia, reconciliação”. Vale a pena investir um
tempo meditando sobre cada um desses valores que dedicamos aos irmãos.
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“Temos que contextualizar o Evangelho à cultura de cada época e sociedade” – a
afirmação em si é correta, isso é exatamente o que temos de fazer. Não adianta
pregarmos o Evangelho no século 21 de túnica e sandália de couro. O problema é
que alguns setores da Igreja têm levado essa ideia correta além no limite de
segurança. Têm conduzido esse conceito ad absurdum. Com isso, tentam com tanta
força e ímpeto falar a linguagem de nossos tempos para atrair o mundo que
acabam muitas vezes sendo mais mundo que Igreja. É o que ocorre,
principalmente, entre a chamada Igreja emergente: os próprios pastores acabam
cometendo excessos e absurdos como pregar falando palavrões de púlpito e
recomendar a ida a seus membros a shows de artistas com letras anticristãs e
estéticas agressivas, como Ozzy Osbourne e Titãs (grupo que tem canções
altamente antibíblicas, como “Igreja”, “Homem Primata” e “Epitáfio”). É preciso
muita cautela. Pois nunca podemos esquecer que o Evangelho é, sempre foi e
sempre será escândalo para os que não creem e que é contracultura. Isso em
qualquer época e em qualquer cultura.
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“Fala, Deus” – geralmente é dito quando um pregador diz algo que o irmão ou a
irmã acham que deveria ser ouvido por alguém da igreja ou por toda a
congregação. É uma espécie de “toma, desgraçado, que Deus tá dizendo aquilo que
eu penso que você deveria ouvir”. Na maioria das vezes não é dito com amor no
coração e, por isso, é algo reprovável. A não ser que a exortação seja para si
mesmo. Aí… fala, Deus!
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“Eis que eu te digo…” – nos arraiais pentecostais significa que está começando
uma profecia da parte de Deus. Nada contra. Sou pentecostal e creio na
atualidade dos dons. O problema é que ser “profeta” dá status entre os irmãos,
como se a pessoa que profetiza fosse merecedora de um amor especial da parte de
Deus. Por isso, não são poucas as pessoas que simulam profecias e, com isso,
cometem o gravíssimo pecado de pôr nos lábios do Senhor o que Ele não falou.
Sem falar do estrago causado junto à pessoa a quem a falsa profecia foi
dirigida, que vai acreditar que Deus lhe deu algum direcionamento que na
verdade não deu. Assim, antes de dizer “eis que eu te digo”… trema!
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“Em nome de Jesus” – a expressão é bíblica e o Mestre nos autorizou a usá-la. A
questão é que muitos a estão usando com significados que não deveriam ter, como
se fosse um “abracadabra”. Como disse Walter McAlister no livro “O Fim de uma
Era”, tem sido usada com o sentido de “tem que dar certo”. “Eu vou conseguir
esse emprego em nome de Jesus”. “Você vai namorar fulano, em nome de Jesus”. “O
liquidificador vai funcionar agora, em nome de Jesus”. Na verdade, qual é o
significado bíblico dessa expressão? Quando alguém permite que outra pessoa
faça algo em seu nome, está lhe concedendo a autoridade pessoal que detém. Por
exemplo, se um soldado raso chega a um capitão e lhe diz para preparar um
automóvel o capitão não lhe obedecerá, pois o soldado não tem autoridade de
solicitar isso a um superior. Mas se um general diz a um soldado raso: “Vá até
o capitão em meu nome e lhe diga para preparar um automóvel”, aquele soldado
acabou de receber a autoridade que o general tem sobre o capitão para aquela
tarefa especifica. Então ele pode chegar ao capitão e dizer: “Estou vindo em
nome do general solicitar que prepare o carro” e o capitão obedecerá o soldado
porque o pedido é segundo a autoridade do general. Em nome dele. Com Jesus é
igual. Os homens não têm autoridade de expulsar demônios. Mas quando você
expulsa “em nome de Jesus”, é a autoridade que nos foi concedida por Deus que
está realizando aquele feito. Do mesmo modo, ser humano algum tem poder em si
para curar uma doença sem ser por meios médicos. Mas se você ora “em nome de
Jesus” pela cura, é a capacidade milagrosa de curar que Jesus tem e que nos foi
concedida que está atuando. Ou seja, a forma correta de usarmos essa expressão
é somente quando podemos substitui-la por “segundo a autoridade de Jesus
concedida a mim para este fim”.
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“Jesus não criou hierarquias nem liturgias” – errado. Basta você ver que no céu
existem anjos e arcanjos. O prefixo “arc” significa “o principal”, “o
primeiro”, “o de maior autoridade”. Por isso, arcebispo é o principal dos
bispos. Do mesmo modo, fica claro que no reino celestial o arcanjo tem um papel
hierarquicamente superior a um anjo. Esse princípio do mundo espiritual também
é aplicado na terra. A Bíblia manda respeitarmos as autoridades e diz que
nenhuma autoridade há que não tenha sido constituída por Deus. Também manda
servos obedecerem seus senhores. Afirma à mulher que deve ser submissa ao
marido. Ou seja, em todas as instâncias da vida humana – seja política,
profissional ou familiar – as Escrituras deixam claro que há uma hierarquia.
Seria de se estranhar muito que justamente na vida espiritual isso não
ocorresse. A Bíblia deixa claro que havia na Igreja do primeiro século pessoas
com cargos de supervisão (o “bispo”, conforme mencionado nas epístolas a Tito e
Timóteo. Os apóstolos tinham um papel de liderança, basta ver no episódio de
Ananias e Safira e basta reparar como Paulo dá determinações às igrejas em suas
epístolas. E aqui cabe uma observação: hierarquia não quer dizer que alguém é
melhor do que outro ou mais especial. Simplesmente que desempenha uma função
com maior poder de decisão. É como o capitão de um time de futebol: ele é igual
aos demais, mas dentro de campo é quem dá as decisões. E, acima dele, está o
técnico, que tem, inclusive, o poder de decidir substituir o capitão.
Já
a liturgia fica clara quando Jesus institui a Ceia. É um cerimonial litúrgico
por natureza: tem ordem, as etapas seguem uma ordem, há um modo de proceder, há
a repetição da forma de fazer a cada vez que se celebra. A História conta que
os encontros da Igreja no primeiro século seguiam uma liturgia não muito
diferente dos cultos de hoje, com louvores cantados, a leitura das cartas ou
textos considerados canônicos e uma exposição do Evangelho por quem liderava o
encontro. Logo, hierarquia e liturgia não foram, como alguns equivocadamente
afirmam, instituídos pelo imperador Constantino ao oficializar a fé cristã como
religião oficial do Estado: são bem anteriores – no mínimo 200 anos anteriores.
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“Posso ser cristão em casa, sozinho, sem congregar” – esse é um erro vindo do
desconhecimento sobre a essência de nossa fé. O Evangelho é, por essência, um
estilo de vida coletivo. 1 Coríntios 12 deixa claro que somos um corpo. Um
membro decepado de um corpo é uma anomalia grotesca. Jesus nunca propôs o
isolamento como padrão e, mesmo quando se retirava para orar sozinho, levava
consigo alguns de seus apóstolos. Portanto um cristão que não congrega está
desobedecendo o padrão divino.
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“Não existe pecadinho ou pecadão” – existe sim. A partir do momento em que
existe um pecado (a blasfêmia contra o Espirito Santo) que não tem perdão e que
a Bíblia diz que há pecados que são para a morte e outros que não são
(independente da interpretação que se dê a isso, há muitas: “Se alguém vir
pecar seu irmão, pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles
que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore.
Toda a iniquidade é pecado, e há pecado que não é para morte” – 1 Jo 5.16,17.),
automaticamente fica claro que há gradações. Só haver um pecado imperdoável já
é prova disso. No sentido de que qualquer pecado é desobediência a Deus…
naturalmente todo pecado é equivalente, mas isso não desmerece que em suas
consequências há sim níveis. A Bíblia é clara quanto a isso.
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“Manto!” – essa só pentecostal entende. Se bem que eu sou pentecostal e até
hoje não entendi isso.
Por
enquanto é isso. Se você se lembrar de mais algum clichê dos nossos dias usado
nas igrejas, entre desigrejados, entre tradicionais ou pentecostais…não
importa, entre cristãos em geral, basta acrescentar nos comentários. Só peço
uma coisa: explique por que aquela palavra, expressão ou frase está
biblicamente incorreta. Apenas mencioná-la não vai acrescentar. Se for o caso,
faremos uma apreciação em cima do seu comentário.
Quem
sabe assim, parando para pensar sobre o que falamos sem pensar… paremos um
pouco para pensar sobre o que falamos! E, talvez, seja o caso de eliminarmos
certas frases feitas do nosso meio que parecem corretas mas na verdade só
servem para confundir. Ou não servem para nada mesmo. Tão ligados na fiação,
varão e varoa dos mantos de fogo?
Por Mauricio Zágari.
A
paz que Deus abençoe.